last night

"Porque que estas aqui?" ecoou na minha cabeça, e eu fiquei a olhar para ele meia zonza devido à meds, e ele voltou a perguntar.
"Porque que te interessa?", não estava com vontade em explicar o porque de estar num Serviço de Urgencia à meia noite a um desconhecido, por muito que os seus olhos me tentassem desconcentrar, virei a cabeça para o lado. "Se vieste para aqui coisa boa não foi, logo mais vale falares do que ficares em estado vegetativo", agora ele tinha falado bem e eu voltei a não dizer nada, e ele voltou a falar "o que te fizeram ao braço?" e eu olhei e disse-lhe "É a razão de eu estar aqui".
Por momentos ele fitou.me e aproximou a cadeira de rodas da minha e perguntou "Porque que o fizeste?", pela 1ª vez perguntaram-me o porque de  o ter feito, estava à espera que aparecesse a Psicologa ou o Psiquiatra para o fazerem, mas não, foi um John Doe, claro que a minha mãe me gritou e sei lá mais o que. "Porque me sabe bem, porque eu preciso de me magoar, porque lá no fundo, eu preciso de saber que estou viva porque não me sinto viva! Porque estou farta de me sentir na merda simples" e ele olhou e so respondeu "Fixe. Vais.te sentir viva com o teu sangue a sair do teu corpo? Ao menos escolhias um sitio onde fosse mais circulatório era mais facil".
Ignorei, e virei-me para o lado, ele acabou por pedir desculpa e mostrou.me a perna dele, onde tinha tambem as marcas de guerra dele, "sabes que há meds que ajudam" .. e eu interrompi "ouve, eu não preciso de conselhos, eu não preciso que me digam que não se faz, tenho muita gente que o diz, fiz o que fiz, não me arrependo e antes que perguntes, não não foi  por causa de ninguem, foi por minha causa! Eu disse que ia desaparecer, tentei, mas estou aqui." , voltou a olhar para mim, sorriu e disse-me "Se há coisa que a vida me ensinou foi a dr-lhe valor, dá valor à tua"
Ele calou-se, deixou-me estar, ao fim de meia hora levaram-no e eu perguntei à infermeira o que é que ele tinha, ela olhou para mim, suspirou e disse "tumor maligno" e foi.se embora.
Acordei na minha cama dorida e com vontade de não acordar.